TEXTO 3 (Bicycle Runner)


84: bicycle runner

Depreciava-se. Estava tudo tão parado. Apoiava a mão sobre o queixo na esperança de que a dor do sustento pudesse trazer alguma mudança. Não trouxe.

Do outro lado do vidro, alguns metros abaixo de onde estava, podia ver dois garotos -seus vizinhos- empurrando suas bicicletas. Aquela era a única que conseguira prender sua atenção, porque ela nunca aprendera. Nunca aprendera a andar de bicicleta. Os primeiros tombos que levara a fizeram desistir. Todo verão prometia a mesma coisa e nunca aprendia a pedalar.

Abri a porta do meu armário. Era vergonhoso; ela ainda estava nova.

Meu pai me dera há dois natais: “pra você sair um pouco ao ar livre” e eu disfarcei minha frustração com um sorriso simpático. Sempre fora boa nisso.

Provavelmente o pai não sabia que ela permanecia intacta.

 

tanto a foto quanto a imagem eu já tinha postado no meu flickr, dá uma olhada lá ;) — o texto é de uma personagem chamada Amanda duma história que não tem título ainda (só o título em inglês, mas eu tou nacionalista e o quero em português), mas que eu escrevo há um bom tempo. É capaz de, de vez em quando, aparecer alguns personagens aleatórios dela.

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